sexta-feira, 12 de junho de 2015

A BE e os alunos com NEE

Elsa Barreiras (equipa de Educação Especial - Escola Secundária Gabriel Pereira)

Os alunos com NEE, com Currículo Específico Individual, frequentam a disciplina de Português Funcional, em contexto individualizado, fora da sala de aula. Apesar de estarem integrados em turma de referência, estes apenas frequentam as disciplinas de Educação Física e EMRC em conjunto com os seus pares. Por forma a incentivar situações promotoras de inclusão escolar, há que repensar estratégias diferenciadoras e inclusivas que permitam, efetivamente, essa inclusão na sala de aula. As obras de referência, em cada ano escolar do ensino secundário, deverão ser tratadas de forma mais acessível, indo ao encontro dos interesses e capacidades dos alunos envolvidos.
Só assim será possível incentivar situações de inclusão na sala de aula e na
Biblioteca Escolar.
Na busca do desenvolvimento do gosto e das competências de leitura, escrita e comunicação, a literacia da leitura e, em primeira instância, a BE, assumem um papel primordial na formação pessoal e no desenvolvimento das aprendizagens dos alunos. Nesta medida, tal só será possível se promovermos as condições necessárias para que
tal ocorra. Os alunos com um Currículo Específico Individual apresentam significativas limitações no domínio cognitivo, o que coloca sérios entraves à sua participação ativa nas aulas e, em última instância, na escola.
Os momentos de aula e/ou de deslocação à BE, resumem-se, na grande maioria das
vezes, à dolorosa e evidente constatação da diferença e do não ser capaz. Por isso, estes indivíduos sentem, na sua maioria, um alívio enorme quando são resgatados desses contextos. Há que repensar procedimentos e atitudes sob pena de estarmos a prolongar este fingimento (porque a inclusão escolar não significa integração escolar). É fundamental que estes alunos experimentem e participem, sentindo que são capazes. Tal poderá vir a constituir a alavanca. Sentir-se incluído é sentir que faz parte. Sentir-se parte do todo advém da sensação de sucesso, do ser capaz. Assim sendo, estes jovens só procurarão a BE se se sentirem acolhidos e, para que tal aconteça, há que criar essas condições, repensando estratégias e recursos.
Os objetivos traçados para a literacia da leitura, a literacia dos média e a literacia da informação só serão alcançados se existirem condições facilitadoras e, ao mesmo tempo, se forem repensadas para além da mera estruturação por níveis de ensino. Há que prever os alunos com graves limitações no domínio cognitivo no referencial que serve de instrumento orientador ao trabalho das bibliotecas escolares e, para isso, há que orientar o trabalho da BE nesse sentido. Nesta medida, é, por isso, urgente, inventariar e valorizar práticas pedagógicas que estimulem o prazer de ler junto dessa
população, assim como promover, através do livro (seja qual for o formato), a interação entre jovens com diferentes níveis de desenvolvimento, desenvolvendo estratégias que permitam o desenvolvimento de competências e gosto pela leitura.
Que o projeto Nós na BE, porque ler faz a diferença possa constituir o alicerce deste processo de inclusão escolar, constituindo-se, a BE, como uma ferramenta inclusiva, tanto no seu próprio espaço, como na sala de aula e na escola, dotando os alunos e docentes de recursos adaptados e inclusivos porque o acesso à leitura faz toda a diferença na formação integral dos indivíduos com ou sem limitações significativas. É
fundamental que o processo de leitura deixe de se constituir como um obstáculo à inclusão destes alunos e despolete situações de bem-estar e de promoção escolar e social. Pessoalmente considero que este é um dos grandes desafios
atuais da BE.

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